Cenas domésticas: nunca é cedo para ensinar

Era cedo. Estávamos na cozinha e como todos os dias, eu preparava um copo de Nescau para a Nina. “Leitinho, papai, leitinho” é a fala matinal que me desperta, junto com a música do Louis Armstrong que toca no relógio.

Hoje ela foi atrás de mim. Enquanto eu ajeitava o lanchinho da escola, ela virava o copo de leite numa golada só. Depois, não satisfeita, pediu:

– Pai, eu quero também aquele outro. O amarelo.
– Que amarelo, filha?
– Aquele, pai. Abre o armário.

Bom, eram seis da manhã, eu estava com sono e você precisa me desculpar pela falta de paciência com minha pequena.

– Ah, filha, isso não é hora de olhar o armário. Não é hora de doce. E você já comeu.
– Nããão, pai. Eu quero aquele amarelo. Eu esqueci o como chama…
– Nina, eu não sei o que você está querendo. Você já tomou seu leite, agora é hora de se arrumar e ir pra escola.
– Ah, pai… por favoooor! (ela agora está com essa mania de dizer “por favoooor” pra qualquer coisa que queira mesmo, como se fosse um apelo em última instância. Funciona).
– Tá. Eu vou abrir o armário.

Abri a porta e só via pacotes de biscoito, o açucareiro, Nescafé, sal, Ovomaltine, uma lata amarela de leite Ninho… Opa, amarelo!? Leite Ninho?

– Nina, é isso aqui que você quer? Um grudinho*?

Ela sorriu. Ficou um tempo sem dizer nada. Eu, com a cara amassada de sono ainda esperava retomar a rotina. E ela arremata:

– Viu como você aprende?

Realmente.

(*Grudinho é um troço que minha sogra inventou e a Nina adora. A receita é simples: duas colheronas de leite em pó e uns 10 ou 20 mililitros de água. Vira uma pasta grudenta e, segundo dizem, deliciosa – há paladar para tudo)

(Nina, 2 anos)

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Sorvete de quê?

Estávamos na casa de uma tia e a Nina abusava da condição de sobrinha-neta lá na cozinha. Quando entrei para ver o que estava aprontando, vi minha filha chupando cubinhos de gelo. Ela se deliciava.

– Humm, é geladinho! Humm, tem um gostinho de água!

(Nina, 2 anos)

Foie de gras

Ainda no parque… (continuação do post anterior).

As crianças observavam o lago e os bichinhos. Do outro lado, alguns patos nadavam quando um deles, em certa hora, mergulhou e sumiu em baixo d’água. As crianças ficaram espantadas.
E ficaram ainda mais admiradas quando ele voltou à superfície do outro lado da cerca.
– Noooossa! – elas diziam – você viu!?
Então o Vitor sondou os dois menores e, do alto de sua superioridade e sabedoria, passou seu sermão de ensinamento definitivo:
– Ai, ai! Mas será que vocês não sabem que o pato é uma espécie de peixe!?
(Vitor, 8 anos)
Enviado pelo Fernando Mattei

Peixe-boi?

Fomos ao parque com as crianças e, numa pausa entre as brincadeiras, ficamos observando o lago e mostrando coisas para elas. Tudo corria em paz, quando o Vitor, espantado, apontou para a água e exclamou:

– Olha lá! Olhá lá, gente! Uma ma-na-da de peixes!!
(Vitor, 8 anos)
Enviado pelo Fernando Mattei

Balanço do Natal

– Filha, você ganhou tudo o que pediu para o Papai Noel?
– Não… a gente não terminou a carta!

(Bruna, 4 anos)

Enviado pela Fabiana, via Twitter

Conjugando a curva

– Pai, o carro ia reto pela rua, aí foi seguindo e, de repente, ele “curvou” para o outro lado.

(Pedro, 9 anos)

Enviado pelo Jair.

Aqui nessa mesa de bar…

Estávamos numa festa de casamento, sentados à mesa, quando o garçom passa e oferece:

– O senhor aceita um uísque?
– Não, obrigado.

Quando ele sai, a Nina alerta indignada:

– Ei, eu quero um sanduísque!

(Nina, 2 anos)

Cachinhos dourados

Estávamos numa loja, aguardando na fila do caixa. A vendedora, querendo ser simpática, puxou assunto com a Nina:

– Nossa, como você é linda! E que cabelo mais bonito! Me diz, como é o seu nome?
– Cachinhos dourados!
(Nina, 2 anos)

Controle remoto

Hora do jantar. A mãe insistia para a Leda comer. A filha, já cansada, apontou o garfo na direção da mãe e ameaçou:

– Eu vou te desligar! Vou te desligar!
(Leda, 2 anos)
Enviado por Júnior e Carol